"EPIFANIA PASTORAL"


Estando eles ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia nos arredores uns “pastores”, que “vigiavam” e “guardavam” seu “rebanho” nos campos durante as vigílias da noite. Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor. O anjo disse-lhes: Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura. E subitamente ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus e dizia: Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência (divina). Depois que os anjos os deixaram e voltaram para o céu, falaram os “pastores” uns com os outros: Vamos até Belém e vejamos o que se realizou e o que o Senhor nos manifestou. Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura. Vendo-o, contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino. Todos os que os ouviam admiravam-se das coisas que lhes contavam os “pastores”. Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração. Voltaram os “pastores”, “glorificando” e “louvando” a Deus por “tudo o que tinham ouvido e visto”, e que estava de acordo com o que lhes fora dito. Lucas 2:6-20

Não foram poucas  vezes que fui confrontado, inclusive pelos meus filhos, (tenho três), com a seguinte questão: Pastor é uma profissão?
Confesso que no início, tal pergunta me constrangia e eu tinha que fazer um malabarismo para explicar o que seria a função pastoral!
Antes de esboçar a minha postura diante de  tal  questão, visto que já  exerço 22 anos de ministério da Palavra, vejamos o que ensina Willian Barclay sobre a função do “pastor” em seu Estudo do Apocalipse. Ei-lo:
Aqui temos a promessa do cuidado que o Pastor Divino brindará a seu rebanho.A imagem do Bom Pastor deleita tanto o Antigo como o NovoTestamento. O mais querido de todos os salmos começa dizendo: "OSenhor é meu pastor" (Salmo 23:1, veja-se também Salmo 80:1. Isaías40:11, Ezequiel 34:23, 37:24). Jesus tomou para si o título de pastor. "Eu sou o Bom Pastor", diz em João 10:11 14 (veja-se também 1 Pedro 2:25e Hebreus 13:20).
…A imagem é muito bela em qualquer época ou geração; mas era mais significativa na Palestina nos tempos antigos, pelo que pode ser para os que hoje nasceram e vivem em cidades modernas. Judéia era uma espécie de meseta estreita bordejada por zonas bastante perigosas.Apenas se tinha uns poucos quilômetros de um a outro extremo. Sobre um dos bordes estavam os precipícios e desfiladeiros rochosos por onde se podia descer rumo ao Mar Morto; sobre o outro os precipícios que terminavam na região selvagem de Sefelá. Não tinha alambrados nem cercas e o “pastor tinha que vigiar todo o tempo a seu rebanho”, eespecialmente a ovelha que se separava do montão.Sir George Adam Smith compara ao pastor palestinense com os pastores que qualquer de nós pode ter visto, no Ocidente:

"Nós em geral deixamos que as ovelhas se virem sozinhas. Não lembro ter visto no Oriente um rebanho que não tivesse o seu pastor. Numa zona como a palestinense, onde o pasto está disperso por uma vastidão sem cercados, cheia de armadilhas para o animal desprevenido, mesmo em nossos dias frequentada pelas feras, que se perde imperceptivelmente no deserto, o pastor, e o caráter que todo pastor deve ter, são imprescindíveis.Em alguma meseta desértica de certa altura, onde as hienas chiam de noite,não é estranho encontrá-lo, vigiando, capaz de penetrar com seus olhos as trevas, armado com seu cajado, no qual se apóia, vigiando a suas ovelhas,cada uma delas em seu  coração. Por isso não é difícil dar-se conta como na Judéia os pastores chegaram a ocupar um lugar bem destacado na história;por que deram seu nome aos reis e por que se converteram em símbolos da Providência: porque Jesus Cristo tomou o pastor como tipo e imagem do sacrifício impetuoso de si mesmo."
 Aqui temos as duas grandes funções do Pastor Divino. Conduz o seu povo às fontes de água viva (veja-se Salmo 23:2 e 36:9). Sem água o rebanho pereceria e na Palestina os poços eram poucos e estavam muito longe uns de outros. Que o Pastor Divino guie a fontes de água viva quer dizer que nos dá aquelas coisas sem as quais a vida seria impossível.
Foi a essa classe de pessoas descritas acima, que, o anuncio celestial aconteceu apoteóticamente,com personagens  de glória celeste, aos  Pastores da Palestina  que cuidavam com todo o amor de suas preciosas ovelhas,numa noite que jamais seria esquecida  de suas memórias e principalmente em suas almas. Nunca mais poderiam apagar a maravilhosa e aterrorizante imagem das hostes angelicais proclamando em “brado-canto” o nascimento do “Sumo-Pastor!”
O texto de Lucas 2:6-20 faz algumas alusões à função daqueles pastores palestinos:  Lucas registra que tais pastores foram encontrados pelos anjos, trabalhando com toda a integridade e cuidado para com os seus rebanhos. “Vigiavam” e “guardavam!” No dizer de Barclay: Numa zona como a palestinense, onde o pasto está disperso por uma vastidão sem cercados, cheia de armadilhas para o animal desprevenido, mesmo em nossos dias, frequentada pelas feras, que se perde imperceptivelmente no deserto; o pastor, e o caráter que todo pastor deve ter, são imprescindíveis!
Jesus herdou de seu pai José a experiência, a herança  e também a proposta profisssional da “carpintaria”; entretanto: foi a função de “pastoR” que apaixonadamente conquistou sua alma, fazendo disso a sua suprema missão! Jesus tomou para si o título de pastor. "Eu sou o Bom Pastor", diz em João 10:11 14.
Não é de admirar de que a anunciação do seu nascimento tivesse  como alvo revelador aqueles simples pastores, naquela noite extraordinaria e única; nunca mais vista!
Foi coisa de Sumo-Pastor para simples pastor!
Admira-me a forma de reconhecimento divino que se manifesta nesse evento, no qual; o céu “brinda” uma classe de homens  simples com um encargo tão importante!
Foi uma embaixada celestial!  Sim!... Declaro mais uma vez: … Foi uma embaixada celestial!
Anjos antecipando, reconhecendo e propondo, numa “epifania pastoral” que o filho de Deus fosse, nesse ato tão extraordinário, digno de ser aceito nessa função tão visceral!
Hoje, quando alguém pergunta que profissão é a minha, eu respondo: A mesma de Jesus; ... Pastor!



BONANI

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